Tô na garçonnière mas dispenso a elite
Tem só a Daisy de mulher e os marmanjo fazendo beat e letra
Tenho até pena da caneta
E mais pena da caneta que foi feita de penas indígenas
E ao me indignar
Fui atrás de insígnias
E movimentos que trouxessem identidades nacionais,
Mas quem sabe mais será que sabe mais?
Sobe lá em cima do morro e pergunta pro rapaz
Se ele prefere um livro clássico ou um disco dos Racionais
Quem sabe mais será que sabe mais?
E eu sei que cês não tão acostumado a escutar
Mãos vão ter que passar a estudar pro vestibular
E gesticular
Que o mundo é diferente da ponte pra cá
Que o mundo é diferente da ponte pra cá
Que o mundo é diferente da ponte pra cá
(Pra cá, pra cá, pra cá, pra cá)
As balas de troco nunca fazem bem em nenhuma instância
E os livros na estante já não tem tanta importância
Já que eu não sei ler
Já que eu não sei ler
Ha, já que eu não sei ler
E eu quero fugir do ensino
Que assassina a sina
Deixa o sono insano
De sono em sono
Insônia me ensina
Que infelizmente tem que ser assim
E sem amigos e família eu não teria fé em mim
Já que vivo em vida de 15 milhões de méritos
Somos 200, vocês falando em meritocracia
Logo você que nada seria
Se sua vó Cássia não caçasse fazer advocacia
E o quão eficiente é o coeficiente
De coexistência entre nossas religiões
Falta de ressonância entre os corações
Fui para bares respirar novos ares para afinar minhas aflições
Balalaika
Enquanto é bala lá e cá
E pros que matam em nome da fé
A bala não é laica
Enquanto humilham virtualmente só pra hypar
Esperando os outros likar
É bala lá e cá
Queda de conexão nos corações
Jantares a luz de telas de celulares
Em meio aos vícios e obsessões
Mergulhado em rios de amores ilusórios
Pescador de ilusões
Sem respostas fiz o meu movimento literário
Sem movimento uniforme pra seguir itinerário
Com minha estética poética
E pô ética?
Nem sei se eu preciso ter
Já que eu não sei ler, já que eu não sei ler
Já que eu não sei ler
Já que eu não sei ler, já que eu não sei ler
Já que eu não sei ler
E no passar do tempo veremos que as métricas,
rimas bem finas que os literários faziam tão bem
Nós sabemos fazer também
Nós sabemos fazer tão bem (e até melhor)